Mercúrio

O mercúrio é o elemento químico com número atômico 80. Seu nome e abreviação (Hg) provém de hidrargirio que, por sua vez, provém do latim hidrargirium e de hydrargyrus que, por sua vez, provém do grego hydrargyros (hydros = água e argyros = prata).

mercúrio existe de modo natural no meio ambiente em uma grande variedade de formas. Como o chumbo e o cádmio, o mercúrio é um metal pesado constituinte da terra.

Na sua forma pura é conhecido como mercúrio "elementar" ou "metálico", representado também como Hg (0). Raramente é encontrado em sua forma pura, metal líquido; é mais comum em compostos e sais inorgânicos. O mercúrio pode ser ligado a outros compostos como mercúrio monovalente ou bivalente - representado como Hg (I) e Hg (II), respectivamente. A partir do Hg (II) podem ser formados muitos compostos orgânicos e inorgânicos de mercúrio.

Os níveis de mercúrio no meio ambiente têm aumentado consideravelmente desde o início da era industrial. O mercúrio se encontra atualmente em diversos meios e alimentos (especialmente nos peixes) em todas as partes do mundo à níveis que afetam negativamente aos seres humanos e a vida silvestre.

A atividade humana tem generalizado os casos de exposição e as práticas do passado deixaram um legado de mercúrio em aterros e locais de mineração, solos e sedimentos industriais contaminados. Mesmo as regiões com emissões mínimas de mercúrio, como o Ártico, tem sido adversamente afetada devido ao transporte transcontinental e global de mercúrio.

A fonte mais importante de contaminação por mercúrio são as emissões para o ar, muito embora se produzam emissões provenientes de várias fontes que atingem diretamente para a água e a terra.

Uma vez liberado, o mercúrio persiste no meio ambiente onde circula entre o ar, a água, sedimentos, solo e biota em várias formas.

A maneira em que o mercúrio é liberado varia segundo os tipos de fontes e outros fatores. A maioria das emissões atmosféricas são na forma de mercúrio elementar gasoso, que é transportado através do globo para regiões distantes das fontes de emissão. As emissões restantes se dão na forma de mercúrio gasoso, inorgânico, iônico (como o cloreto de mercúrio) ou ligado a partículas emitidas. Estas formas têm período de vida mais curto na atmosfera e podem ser depositados sobre os corpos de terra ou de água a distâncias aproximadas de 100 a 1000 quilômetros de sua fonte. O mercúrio elementar na atmosfera pode ser transformado em mercúrio iônico, que cria uma importante via para o depósito de mercúrio elementar emitido.

Uma vez depositado, o mercúrio pode mudar de forma (principalmente pelo metabolismo microbiano) e converter-se em metilmercúrio, que tem a capacidade de acumular-se em organismos (bioacumulação) e concentrar-se nas cadeias alimentares (biomagnificarem), especialmente na cadeia alimentar aquática (peixes e mamíferos marinhos). O metilmercúrio é, portanto, a forma que causa maior preocupação. Quase todo o mercúrio encontrado nos peixes é o metilmercúrio.

Fontes do Mercúrio

As emissões de mercurio podem ser agrupadas  em quatro categorias:

  • Fontes naturais: liberações devido à mobilização natural de mercúrio, tal como se encontra na crosta da Terra, como a atividade vulcânica ou a erosão das rochas.
  • As atuais liberações antropogênicas (associadas com a atividade humana) resultantes da mobilização de impurezas de mercúrio em matérias-primas, como os combustíveis fósseis – em particular o carvão, e em menor medida o gás e o petróleo – e outros minerais extraídos, processados e reciclados.
  • As atuais liberações antropogênicas resultantes do uso intencional do mercúrio em produtos e processos durante a fabricação, os vazamentos, a eliminação ou incineração de produtos gastos e liberações de outro tipo.
  • A re-mobilização de libertações antropogênicas passadas de mercúrio anteriormente depositado em solos, sedimentos, corpos d'água, aterros e acumulações de resíduos ou detritos.

Uma grande parte do mercúrio presente nesse momento na atmosfera é o resultado de muitos anos de emissões antrópicas. É difícil estimar a componente natural da carga total na atmosfera, embora os dados disponíveis sugerirem que as atividades humanas tenham aumentado os níveis de mercúrio na atmosfera por cerca de um fator aproximado de três, as taxas médias de deposição em um fator de 1,5 a 3 e a sedimentação nas vizinhança das áreas industriais em um fator de 2 a 10.

No que se refere às liberações antropogênicas, a proporção relativa de lançamentos derivados de usos intencionais por oposição a mobilização de impurezas de mercúrio varia muito de um país a outro e de uma região a outra, principalmente segundo o alcance da substituição dos usos intencionais (produtos e processos); a dependência dos combustíveis fósseis, em particular o carvão, para produzir energia; a escala de operações da indústria de mineração e de extração mineral; as práticas de eliminação de resíduos e o estado da aplicação de tecnologias de controle de poluição. Em países em que se pratica a mineração ou se utiliza o mercúrio para a mineração em pequena escala de ouro ou prata é usado, essas fontes podem ser muito importantes..

Alguns dos processos antropogênicos mais importantes que mobilizam impurezas de mercúrio são a geração de energia e calor a partir do carvão; a produção de cimento; e a mineração e outras atividades metalúrgicas que envolvem a extração e processamento de matérias minerais, tais como ferro e aço, zinco e ouro.

Algumas fontes importantes de lançamentos antropogênicos que se produzem como resultado da extração e uso intencional do mercúrio compreendem a mineração de mercúrio; a mineração de ouro e prata em pequena escala; a produção de cloro alcalino; o uso de lâmpadas fluorescentes, faróis de automóveis, manômetros, termostatos, termômetros e outros instrumentos e sua quebra acidental; as amálgamas dentais; a fabricação de produtos contendo mercúrio; o tratamento de resíduos e a incineração de produtos que contenham mercúrio; os aterros e a cremação.

Toxicidade do Mercúrio

O mercúrio tem vários efeitos adversos, importantes e documentados, sobre a saúde humana e o meio ambiente em todo o mundo.

O mercúrio e seus compostos são altamente tóxicos, especialmente para o desenvolvimento do sistema nervoso. O nível de toxicidade nos seres humanos e outros organismos depende da forma química, da quantidade, da via de exposição e da vulnerabilidade da pessoa exposta. Os seres humanos podem estar expostos ao mercúrio de várias maneiras, incluindo, entre outras, o consumo de peixe, os usos ocupacionais e domésticos, as amálgamas dentárias e as vacinas que contenham mercúrio.

O metilmercúrio tem efeitos adversos sobre os seres humanos e a vida silvestre. Este composto atravessa facilmente a barreira placentária e a barreira hematoencefálica, sendo um neurotóxico que pode causar efeitos adversos sobre o desenvolvimento do cérebro.

Os estudos têm demonstrado que a presença de metilmercúrio nas dietas de mulheres grávidas pode gerar efeitos adversos sutis, mas persistentes, no desenvolvimento da criança, como observado no início da idade escolar. Alguns estudos também indicam que pequenos aumentos na exposição ao metilmercúrio podem afetar adversamente o sistema cardiovascular. Um número importante de pessoas e animais selvagens encontra-se atualmente exposto a níveis que apresentam riscos desse tipo e, possivelmente, de outros efeitos adversos.

Valores de Referência

A legislação espanhola regula o mercurio no ar ambiente mediante o Real Decreto 102/2011, de 22 de junio, embora sem chegar a establecer um valor objetivo para este contaminante.

A Organização Mundial de Saúde estabelece nas Guías de Calidad del Aire para Europa um valor guia de 1 μg/m3 (1000 ng/m3) de média anual de mercurio no ar ambiente (Air quality Guidelines for Europe. 2nd Edition: http://www.euro.who.int/document/e71922.pdf)

Por sua parte, A US EPA estabelece (http://cfpub.epa.gov/ncea/iris/index.cfm?fuseaction=iris.showQuickView&substance_nmbr=0370) uma concentração de referência (RfC*) para o mercúrio de 0,3 μg/m3 (300 ng/m3) para a populaçao geral.

*RfC: Em geral, a “Concentración de Referencia” da US EPA é uma estimativa de uma exposição de inalação diaria da população (incluindo subgrupos sensíveis) que provavelmente não causem um risco apreciável de efeitos prejudiciais durante uma vida.

Content for the First Block